Capitu
Zélia Duncan
Composição: (Luiz Tatit)


(...)
A ressaca dos mares
A ressaca dos mares
A sereia do sul
Captando os olhares
Nosso totem tabu
A mulher em milhares
Capitu



segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011


Pequeno Afegão



Criança brindando ao sol,
À pureza da face, o calor;
Na poeira do pé corre a vida,
Misturando ao suor, seu tutor.
.
Vê de longe o trem, a quem traz?
Sente o peito a falta que faz;
Tem nos sonhos ponto de partida,
Tem na morte a lembrança dos pais.
.
Seu futuro é incerto, precário,
Num país onde mora o terror;
Têm no corpo heranças de guerra,
Traz nos olhos lembranças de dor.


Francinni Christtiani

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011


2011
(...)
Queima o fogo sagrado
Todo o pó do passado,
E de amor se renova
Tudo em nome da Lei.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010


A um Anjo...


Você chegou justamente

Quando eu não mais acreditava

E me ensionou a ter calma.

Abraçou o meu corpo exausto

E me ofertou a sua força.
.

Quando o sol se escondia atrás das nuvens,

Você acendeu as luzes,

E me fez enxergar o que não sabia existir.
.

Ingênuo é o seu amor,

Leve, mas intenso,

Como um suspiro de alívio,

E nesse amor,

hoje escrevo os meus dias.

.
Você me ensinava a caminhar,

Enquando Deus consertava as suas asas.

Logo você partiu,

Mas deixou comigo

Tudo o que hoje sou.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010


Desamores de Serpente
.
Seus olhos são pedras lapidadas
Que quicam pelas águas na fonte da minha alma.
Rabiscam o horizonte de vetores,
Sinais inconfundíveis,
Incontestáveis,
Presença sua,
Ranhuras, dores.

Seus lábios, fria madrugada
Que entra trincando o céu [da boca]
Nublando a minha estrada,
Congelam o tempo
Exoram o vento,
Dissipam toda a paz e o sossego.

Seus artefatos abarcam-me e afastam o espaço.
Paralisia, artifícios de ação e ato.
Fecho os olhos, reviro a noite,
O dia já se foi,
É tarde!
Escuto guizos,
Será quem vem?
De repente sou o alvo da boca de alguém.

quinta-feira, 15 de abril de 2010



BRINCADEIRA TRISTE

Um sorriso meio morto,
Meio morno, sonso, solto.
Um apito, um silvo breve:
O palhaço dança a dança
Que toca o tempo todo;
O palhaço dança torto.

Pano mofado, papel pardo,
O seu circo é de papelão.
Brincadeira triste em cena:
Acena a criança pro chão.

Pano mofado meio torto,
Palhaço todo morto,
Pedaço solto de corpo
Jaz, sem batidas de um coração

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010


((( Impulsos )))


Agudos morrem,

silenciosamente perecem,

Assim são os impulsos de minh’alma.

Entes, filhos rejeitados,

Abortados antes de terem vida.

Multiplicam-se na morte,

Acumulam-se na restrição,

Arquitetando planos secretos,

Entre elos, rebelião.


F. Christtiani

domingo, 3 de janeiro de 2010


O Universo em mim


Se eu fecho os olhos

Mergulho no infinito,

Aqui dentro tudo é tão grande,

É tão novo, há um imenso espaço a descobrir...

Pra que naves espaciais

Se a mais longa viagem que um homem pode fazer

É dentro de si?

Essa eterna descoberta

Não cessa,

Não tem fim.

Eu já vi estrelas de perto,

Brinquei com um cometa

E até mesmo pude tocar o sol.

Eu conheço o buraco negro,

Já me vesti de Nebulosa,

Cantei pra Vênus

E contei os meus segredos.

Eu pude sentir todo o universo

Dentro de mim...


(F. Christtiani)