Fausto cigano e eu
Na ebriedade eloqüente tecida sob goles de um vinho barato
Animo, em memória, histórias suicidas
De uma inda sem vinda,
De uma estrada de morte,
De uma busca perdida
Num caminho sem sorte.
Recordo os ais de um vagabundo violão
Que tão pouco me tocaste o ouvido,
Cujo moço, o dono, um cigano barato
Vendido ao diabo por míseros tratos,
Fizeste-me sofrida.
Ó, moço!
Ao partir, levaste meu coração.
Mas não deste valor, e o trocou por rum
Numa taberna esquálida com cheiro de ranço,
Deixando-me à sorte de uma vida sem prumo.
Hoje me encontro tão moribunda quanto quem que me envenenou.
A dor infecta, dilacera e nulifica a pureza de uma nobre alma.
São muitos os vendidos que se vão, de mão em mão,
Intoxicando sonhos de amor,
Buscando migalhas de vida,
Apagando luzes por entre sorrisos e doces apreços,
Corrompendo um sentimento que já não sentem
Por trás de sinceras mentiras, paixões incandescentes,
A trabalho pro diabo, em troca de ilusões.
(F. Christtiani)
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